Mulheres que Escrevem a Neurodivegência
Poeta, pesquisadora e professora, Sarah Munck escreve de maneira intimista sua experiência com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Olá, tudo bem?
Seja bem-vindo, bem-vinda, bem-vinde a com.tato de primeiro grau. Um espaço para pensarmos sobre livros, literatura, o processo de escrita e tudo o que envolve colocar um livro no mundo.
Nesta edição, voltada ao de Dia Mundial de Conscientização do Autismo, trazemos um perfil da escritora e nossa cliente Sarah Munck Vieira, autora de "O Diagnóstico do Espelho", que compartilha um pouco do processo de autoconhecimento após o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Escritora, pesquisadora e professora do Instituto Federal do Sudeste de Minas, Sarah Munck Vieira, que nasceu em Juiz de Fora, estreia na literatura com o livro de poemas "O Diagnóstico do Espelho" (Mondru). A obra traz uma poética centrada no período pandêmico, abordando as relações familiares, o contato consigo mesma e, ainda, a maneira como lidou com o diagnóstico tardio do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que ela recebeu durante o período.
O Transtorno do Espectro Autista, como diz o próprio nome, é uma condição com muitas nuances, que afeta cada indivíduo de maneira única e específica. A presença de interesses muito intensos e específicos (hiperfoco), sensibilidades a nível sensorial, dificuldades na interação social, discurso e interpretação excessivamente literais, dentre outros sintomas, são aspectos presentes no quadro do autismo, mas que, novamente, dependem de pessoa para pessoa.
Atualmente, o autismo também é classificado em 3 níveis de suporte, sendo o nível 1 referente às pessoas com menos limitações para se adaptar ao mundo (projetado pela e para a população típica) e, o nível 3, àquelas que possuem maiores dificuldades e necessitam de mais suportes na vida cotidiana.
Para Sarah, este processo de autodescoberta - que também acaba por revisitar momentos de sua infância, retratados em "O Diálogo do Espelho" - é mais uma libertação do que uma limitação. Partindo de autores como Jacques Derrida e Gilles Deleuze, ela afirma que assumir-se enquanto diferença é um confronto aberto à normatividade, permitindo o trânsito (e a voz) de subjetividades não-hegemônicas, como mulheres, neurodivergentes, LGBTQIAPN+, pessoas racializadas, dentre outras.
É escrevendo, portanto, que Sarah, a partir de sua consciência enquanto mulher com autismo, desenha a própria subjetividade, encontrando, na escrita, uma ferramenta para este processo - que, resgatando novamente Deleuze, ela chamará de "devir".
Isto explica, portanto, o título de sua obra, "O Diagnóstico do Espelho", em que o espelho, objeto refletor de uma imagem, no caso, o próprio sujeito, ganha outro contorno, isto é, o diagnóstico. O que, simbolicamente, demarca um processo de transformação e assimilação de si próprio. O que fica evidente no poema "A verdade sobre si mesma" (pág. 98):
"A verdade sobre si mesma
precisa ser livre
pronunciada
relembrada em monumento
à beira da cama
para que todas as noites
antes de adormecer
seja ela a real companhia
quando das lanças se despir."
Leia o artigo que a Sarah escreveu sobre o assunto para a Revista Philos: https://bit.ly/3vDYOv3
Salva o contatinho - Destaques da semana na com.tato:
Nosso cliente, Bert Jr., apareceu no portal Literatura RS com seu livro, "Fict-Essays e contos mais leves" (Editora Labrador)
Jules de Faria, nossa assessorada, deu uma entrevista para a Rádio Senado
O portal Synapsis News publicou uma matéria sobre a nossa assessorada, Luciana Barbosa, autora de "O que você quer de verdade?" (Editora Paraquedas)
Nosso cliente, Michael Maia, autor de “Entre a vida e a morte, há vários documentos” (Editora Paraquedas), foi destaque no Jornal Nota
Novidades e promoções na com.tato
Em virtude do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a Sarah está sorteando um exemplar de "O Diagnóstico do Espelho" em nossa página oficial do Instagram. Saiba mais por aqui